quarta-feira, 2 de julho de 2008

programa #2 - a história do vinyl - 2a parte

"As primeiras gravações"

Quando foram gravadas as primeiras músicas, o processo ainda era bastante rudimentar. No phonographo cada cilindro gravado era a própria máster. Não havia cópia e nem havia ainda um sistema eficiente de duplicação.

A idéia de vender grandes quantidades de cilindros ou discos com música era muito atraente e poderia ser bem lucrativa.

Mas as gravações ainda eram experimentais, havia uma série de barreiras a serem ultrapassadas, para se descobrir um sistema confiável de gravação e replicagem e tornar essas "máquinas falantes" um produto de sucesso comercial.


Abaixo uma interessante e raríssima photo do que pode ter sido o primeiro estúdio de gravação da história, o "Edison Music Room", em West Orange, New Jersey laboratory no anos de 1890 a 1893.









Mesmo o mundo entrando na era da eletricidade, um sistema eletrônico de gravação somente se tornou possível a partir de 1920. Inicialmente as primeiras gravações eram realizadas literalmente por força bruta, totalmente acústicas, totalmente “low tech”.

Nas primeiras gravações com o phonographo era necessária uma grande pressão sonora do instrumento musical em frente ao cone para vibrar o diafragma que forçaria a agulha riscar bons sulcos no cilindro.

Alguns instrumentos tinham um som mais complexo e não eram bem registrados, como os violinos, por terem pela sua própria natureza uma emissão sonora mais leve eram obrigados a gravar muito próximos ao cone. Já os instrumentos de sopro, os metais, por terem uma projeção do som mais forte, gravavam muito bem. Por isso as bandas militares foram mais populares nas primeiras gravações.

E como ainda não havia o uso de microphone, essas gravações não captavam todas as frequências sonoras, nem as mais graves nem as mais agudas, por isso instrumentos como cello ou contrabaixo eram impossíveis de se gravar, ao mesmo não se costumava gravar bateria, pois seu som muito alto se sobrepunha aos demais dificultando uma boa audição.













Como não havia um método de duplicação em massa dos cilindros, o processo consistia em colocar o maior número possível de phonographos em frente aos músicos, gravar a música, retirar os cilindros e substituí-los por virgens e repetir o processo tantas vezes fosse necessário.

Desta maneira uma banda por exemplo, poderia gravar de 10 a 15 cilindros por take. Já um cantor conseguiria realizar uma gravação aceitável com no máximo 4 phonographos posicionados a sua frente.

Abaixo uma sessão de gravação da United States Marine Band, de Washington, D.C, banda conduzida pelo maestro John Philip Sousa que ficou famosa por diversos cilindros para Columbia Phonograph Company, responsável até então pelo primeiro catálogo musical, datado de 1890.





















Pilotar uma gravação nesta época não deveria ser nada prático, pois no caso de uma banda o engenheiro de som era obrigado a operar e cuidar de mais de 10 phonographos simultaneamente...!!!

Outra coisa que foi observada era que um bom posicionamento dos músicos e dos instrumentos na frente do cone era fundamental para se obter uma boa gravação, sem distorções e com um equilíbrio satisfatório entre os instrumentos gravados quando a música era ouvida.

Foram então descobrindo técnicas bem curiosas de gravação, como se pode observar, por exemplo, na próxima photo, onde o soloista Charles D'Almaine esta quase dentro do phonographo com seu violino para superar a massa sonora do piano que o acompanha, interessante notar que o operador de som parece estar girando a manivela de um dos três phonographos que chegava a velocidade de até 160 rpm.












A principal diferença entre o gramophone e o phonographo estava no processo de gravação e não apenas no uso de cilindros ou discos.

Enquanto a agulha no phonographo de Thomas Edison fazia suas gravações registrando no cilindro o som no fundo do sulco (corte vertical), no gramophone de Berliner a agulha registrava o som de forma lateral no sulco do disco plano (corte lateral).

Uma primitiva tentativa de duplicação dos cilindros foi elaborada conectando um phonographo a outro, onde a agulha da máster estava ligada a agulha da cópia e era feita a duplicação de maneira pantográfica. Porém neste processo após uma meia dúzia de cópias a máster já estava desgastada e ainda assim as réplicas tinham um som inferior ao cilindro original.

Por sua vez, Berliner o inventor do gramophone saiu na frente, conseguiu com sucesso fazer a primeira prensagem em maior escala de discos de borracha rígida vulcanizada a partir de uma matriz (negativo) feita de zinco. Em 1894 a U.S. Gramophone Company vendeu a incrível marca de 1000 máquinas e 25.000 discos...!!!

Somente em 1902 Thomas Edison conseguiu fabricar cilindros com música em maior escala, através de um sistema onde duas placas de ouro moldavam o cilindro máster e através de um processo de alta voltagem em alta rotação e galvanização criava uma matriz de onde as cópias poderiam ser feitas inclusive num cilindro de material mais resistente. Apresentou ao mundo então um novo formato de mídia sonora, os “Edison Gold Moulded Cylinders”, a um preço de $0.50 cada...!!!
























A capacidade de gravação dos cilindros chegava a pouco mais de 2 minutos enquanto os discos de 7 polegadas (singles) podiam tocar por quase 3 minutos. Tanto um como o outro não faziam jus a maioria das composições clássicas existentes, pois o tempo de duração das músicas excedia a modesta capacidade dessas pioneiras mídias.

Naturalmente cantigas e canções populares era o repertório perfeito para preencher esses poucos minutos. Comediantes e monólogos também eram bastante comuns nos primeiros repertórios.

Em 1890 foi lançada a primeira "juke box", a máquina era um phonographo adaptado que ao ser colocada uma moeda fazia tocar a música de um de seus 4 cilindros. Ficou extremamente popular e era fácil de se encontrar em diversos lugares como nos tradicionais "saloons" da época. Sua estréia foi no San Francisco's Palais Royal Saloon e faturou mais de U$ 1000,oo em apenas 6 meses de funcionamento.












Na figura acima temos um poster com a propaganda de um hexaphone, um phonographo mais sofisticado que funcionava colocando-se uma moeda e poderia tocar um dos 6 cilindros a escolha do cliente. E na figura abaixo podemos ver dois raros modelos de 1909, fabricados pela Regina Co. of Rahway, NJ.














Essas máquinas foram responsavéis por manter a indústria fonográfica viva e superar a depressão do final do século XIX, onde por um nickel podia-se ouvir uma boa música.

Aos poucos essas invenções foram se tornando muito familiares e já na virada do século tinham um lugar garantido no dia a dia das pessoas. Muita gente estava aproveitando para tirar vantagens e ganhar dinheiro com tudo isso, surgia então um mercado muito promissor, a Indústria Fonográfica.












no próximo programa

"A Indústria Fonográfica"