segunda-feira, 30 de junho de 2008

programa #1 - a história do vinyl - 1a parte


"As Máquinas Falantes"







Em 1877 Thomas Edison apresentava ao mundo sua mais nova invenção, o “phonographo”.

Era um rudimentar aparelho no qual se poderia gravar e reproduzir a voz humana ou qualquer outro som ou ruído. Inicialmente foi planejada para uso burocrático em escritórios com o objetivo de se registrar recados e mensagens.

Em seu laboratório, fazendo experimentos com o telégrafo, Thomas Edison queria ir mais longe, utilizando os impulsos elétricos que originam o código morse, Edison queria registrar através desses mesmos impulsos a voz humana em papel, ao invés de simplesmente lermos uma mensagem poderíamos então ouvi-la. A partir deste princípio foi desenvolvendo suas pesquisas.
Um pensamento ou tanto ousado para época, mas o jovem e perspicaz inventor sabia o que estava fazendo, e resolveu aplicar sua teoria.

O aparelho consistia num cilindro recoberto por uma folha de estanho que era girado por uma manivela... ao girar uma agulha ia riscando e fazendo sulcos neste cilindro, essa agulha estava conectada a um diafragma que vibrava acusticamente ao receber uma pressão sonora através de um bocal, por onde seria feita a captação do som. Veja a figura 1











fig1. : phonographo 1878


Conforme o operador falava no bocal, o som de sua voz vibrava o diafragma, que por sua vez vibrava uma ponta que ia riscando e fazendo sulcos no cilindro que era girado manualmente pelo mesmo operador.
Quando a gravação estava completa, bastava recolocar a agulha na posição inicial e girar o cilindro novamente e assim a máquina reproduzia as palavras registradas.

Estava criada então, a “máquina falante”...

Assista ao funcionamento de um phonographo original do final do sec. XIX neste video.





Em 1878 um repersentante de Thomas Edison levou sua descoberta para Academia de Ciências de Paris, causando grande sensação.
Chegaram a duvidar do funcionamento do phonographo, onde um suposto ventríloco estaria aplicando seu truque. Mas confirmada a performance do aparelho, este recebeu o aval da academia francesa.














Thomas Edison e seu phonographo (circa 1878)


Em diversos lugares foram feitas várias demosntrações ao público de como funcionava a máquina que falava e cantava. No Canada chegou-se a cobrar 25 cents por pessoa para assistir a uma exibição.

Nos 10 anos seguintes Thomas Edison se dedicou inteiramente ao desenvolvimento de sua lâmpada elétrica, deixando de lado seu recente invento, mas enquanto isso outros se interessaram pelo phonographo.

Um deles foi Alexander Graham Bell o inventor do telephone.

Graham Bell gostou tanto da invenção de Edison que lhe chegou a fazer uma proposta de sociedade, mas o inventor do phonographo não topou.

Graham Bell arrumou então outro sócio o engenheiro químico Charles Summer Tainter que juntos desenvolveram o graphophone, um aparelho que trabalhava seguindo os princípios de Edison, mas com alguns aprimoramentos.

Usaram cera para revestir o cilindro e ao invés de ser movido à manivela, acoplaram um motor a corda para manter a velocidade constante.O que era fundamental na hora de ouvir era o cilindro girar na mesma velocidade da gravação, pois assim mais tarde não haveria distorção ou mudança do som durante a reprodução. Além disso um cone foi adaptado para amplificar o som.

Repare na figura do graphohone










Graham Bell fundou então em 1886 a American Graphophone Company e apresentou ao público sua descoberta que tinha uma qualidade superior ao phonographo, mas ainda deixava a desejar.

Indignado com os usurpadores de sua invenção Edison retomou um ano mais tarde o desenvolvimento de seu phonographo. Começava então uma verdadeira disputa.
Fazendo testes em seu laboratório,Thomas Edison foi melhorando alguns aspectos de seu invento, o bocal foi substituído por uma grande corneta que tanto projetava como captava o som com maior nitidez e volume, já que Graham Bell se inspirou no phonographo, Edison por sua vez incorporou os melhoramentos que o graphophone havia atingido.

Os cilindros com folhas de estanho não podiam reproduzir o som por mais que 2 ou 3 vezes, se desgastando e se desfigurando com muita facilidade. Resolveu então usar cilindros de cera, que poderiam chegar a
2 minutos de gravação e teriam maior durabilidade podendo ser reproduzido por diversas vezes. Com esses aprimoramentos Edison foi sofisticando seu invento.

Observe na figura um phonographo já de 1899 bem mais sofisticado que seus antecessores, juntamente com um cilindro virgem.





















Tanto Graham Bell como Thomas Edison imaginavam que essas suas invenções tivessem uma utilidade mais burocrática, sendo aproveitada em repartições públicas ou em escritórios como máquinas de deixar mensagens, uma espécie de ancestral da secretária eletrônica. E desencorajavam seu uso em outras atividades com medo de ser confundida com um mero brinquedo.

Mas muita coisa ainda estava faltando para melhorar o desempenho tanto do graphophone como do phonographo, para se tornarem um produto comercial.
No meio deste verdadeiro duelo de gigantes, havia mais alguém muito interessado nesta novidade, um entusiasta em elétrica e acústica, o também inventor Emelie Berliner.

Imigrante alemão chegou aos EUA aos 19 anos e após diversos empregos passou a se interessar pela ciência, física e química quando trabalhava no laboratório de Constantino Fahlberg o inventor da sacarina.

















Emile Berliner

Anos mais tarde montou seu próprio laboratório e fazendo pesquisas com acústica e observando o desempenho do phonographo, Berliner resolveu fazer alguns experimentos com gravação sonora.

Em seus estudos notou que o movimento da agulha tinha uma performance melhor numa superfície plana. Optou em usar então discos rígidos de borracha e mais tarde de celulose para gravar os sons.

Depois de alguns anos e diversos protótipos, apresentou ao mundo em 1890 seu mais recente invento e o batizou de gramophone.













gramophone de 1894













gamophone de 1895

Mas Berliner sempre teve outras intenções para seu invento, ao contrário de seus concorrentes, ele achava bem mais interessante usar seu gamophone para entretenimento.


E foi primeiramente para a Europa que Berliner resolveu levar sua novidade. Na Alemanha, em Hannover, sua terra natal, associou-se a um fabricante de brinquedos para vender uma miniatura do modelo movida a manivela, tocando discos de 7 polegadas com cantigas infantis que ficaram rapidamente populares mas apesar de encantadora, a novidade não chegou a dar lucro para seus investidores. Mesmo assim formou a Deutsche Grammophon Gesellschaft que veio a ser a primeira gravadora alemã e que anos mais tarde se tornaria a Polygram.


De volta à America funda em 1893 a United States Gramophone Co.










Na virada do século essas invenções atraiam a curiosidade de muita gente, causavam espanto nas pessoas, mas também as divertiam e faziam rir.

Aproveitando-se desta tendência, e vendo que o invento de Thomas Edison tinha um talento natural para o entretenimento começaram-se a fazer gravações musicais.
A primeira composição clássica a ser gravada foi provavelmente “Israel no Egypto” de Haendel em 29 de junho de 1888 pelo maestro August Manns, no Crystal Palace, em Londres, num festival em homenagem ao compositor.

Uma orchestra acompanhada de um coro de 4000 vozes gravou a cem jardas de um phonographo...!!!

É considerada a primeira música gravada existente, tem aproximadamente 30 segundos e foi registrada no formato “Edison Yellow Paraffine Cylinder”.
continua no próximo programa.

"As primeiras gravações"














Na figura acima temos um cartaz anunciando uma exibição e provavelmente uma palestra sobre o phonographo ao preço de $.25 cents a entrada...!!!


produção, pesquisa e texto mr. melody
volume10 multimedia - 2008
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